Onde o mercado de trabalho deve explodir: saiba quais são os setores com maior crescimento na próxima década

Onde o mercado de trabalho deve explodir: saiba quais são os setores com maior crescimento na próxima década

Onde o mercado de trabalho deve explodir: saiba quais são os setores com maior crescimento na próxima década

O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS) lançou recentemente projeções que revelam quais serão os setores com maior crescimento na próxima década. Os números apontam para duas áreas estratégicas que irão se destacar tanto pela velocidade de expansão quanto pelo volume absoluto de vagas. Sendo elas as energias renováveis e os serviços de assistência médica e social, em especial aqueles voltados ao envelhecimento da população. Os dados foram divulgados no dia 28 de agosto de 2025 e já provocam debates sobre como esses mercados devem se preparar para um futuro de transformações profundas.

Energias renováveis

No campo das energias renováveis, o relatório indica que a geração a partir de fontes solar, eólica, geotérmica e outras deve se expandir em ritmo acelerado. Estima-se a criação de aproximadamente 41.600 novos empregos nos próximos dez anos, um crescimento percentual impressionante. A energia solar desponta como protagonista, com expectativa de expansão de 180,2%. A energia eólica também terá crescimento significativo, estimado em 81,4%. Já a geotérmica deve avançar 41,4% e outras fontes renováveis de eletricidade devem registrar alta de 32,9%. Embora esses números mostrem taxas de crescimento expressivas, é importante destacar que o volume de empregos criados ainda é relativamente modesto em comparação a outros setores.

Assistência médica e social

Esse contraste se torna evidente quando se observa a área de assistência médica e social, especialmente no atendimento a idosos e pessoas com deficiência. Mesmo com uma taxa de crescimento de 21% – percentualmente inferior à das renováveis – o setor deve gerar cerca de 528,5 mil novos empregos na próxima década. Isso significa um volume quase dez vezes superior ao total estimado para energias renováveis. A principal explicação está no envelhecimento populacional e na crescente demanda por serviços de cuidado domiciliar, que vêm se consolidando como uma das maiores tendências do mercado de trabalho nos Estados Unidos.

Expansão da saúde

Além dos serviços voltados a idosos e pessoas com deficiência, outras áreas da saúde também despontam como protagonistas no crescimento. Consultórios de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia devem se expandir, respondendo ao aumento da procura por tratamentos especializados e personalizados. O setor da saúde, em geral, já se consolidou como um dos pilares do mercado de trabalho americano e a tendência é que continue gerando empregos em larga escala.

Profissões em destaque: : energia e saúde lideram as projeções

Um olhar mais detalhado sobre as ocupações revela que técnicos de turbinas eólicas, por exemplo, devem ter uma taxa de crescimento próxima a 50% até 2034, enquanto instaladores de painéis solares devem crescer cerca de 42%.Outras profissões ligadas à saúde, como enfermeiros praticantes, têm projeções igualmente robustas, com expansão de 40%. Além disso, gerentes de serviços médicos e de saúde, assistentes de fisioterapia e cuidadores domiciliares também aparecem com taxas expressivas. Esses números reforçam a ideia de que o futuro do trabalho estará concentrado em duas grandes frentes: a transição energética e o cuidado com a saúde e o bem-estar das pessoas.

Panorama global das energias renováveis

Globalmente, as energias renováveis já demonstram forte potencial de geração de empregos. Diante disso, em 2022, cerca de 13,7 milhões de pessoas trabalhavam nesse setor. Esse número saltou para 16,2 milhões em 2023 e deve ultrapassar a marca de 30 milhões de empregos até 2030, segundo projeções internacionais. Desse modo, esse crescimento é mais que o dobro da taxa de expansão geral do mercado de trabalho global, consolidando o setor como um dos motores mais relevantes da economia do futuro. Nos Estados Unidos, estima-se que atualmente 3,5 milhões de pessoas estejam empregadas em atividades relacionadas à energia limpa, e esse número tende a crescer de forma acelerada.

Políticas públicas de incentivo

Parte desse impulso vem de políticas públicas de incentivo. O Inflation Reduction Act (IRA), aprovado em 2022, destinou centenas de bilhões de dólares para estimular projetos de energia limpa, baterias, veículos elétricos e infraestrutura de transmissão. Até janeiro de 2025, a lei já havia contribuído para a criação de mais de 400 mil empregos, distribuídos em 751 projetos e resultando em US$ 422 bilhões em investimentos. O setor de energia solar e eólica, especificamente, somou mais de 29 mil novas vagas. Ainda assim, cortes recentes em políticas de apoio e a falta de mão de obra qualificada têm provocado incertezas e reduções no ritmo de crescimento em algumas áreas, principalmente entre os jovens profissionais que buscavam oportunidades no setor.

O desafio da mão de obra qualificada

No entanto, apesar das perspectivas otimistas, os desafios não podem ser ignorados. A escassez de trabalhadores qualificados em áreas como instalação de sistemas solares e operação de baterias de armazenamento já gera atrasos e encarece projetos. Com isso, empresas relatam dificuldade para encontrar técnicos e engenheiros preparados, o que limita a velocidade da transição energética. Isso evidencia a necessidade de investimentos em capacitação profissional e programas educacionais capazes de suprir a demanda futura.

Estados que puxam o crescimento: Indiana e Texas em evidência

Do ponto de vista geográfico, há estados que já se destacam na geração de empregos ligados à transição energética. Indiana, por exemplo, é líder no crescimento de técnicos de turbinas eólicas, com previsão de aumento de 60% na próxima década. Atualmente, existem apenas cerca de 11.400 profissionais dessa especialidade nos Estados Unidos, o que demonstra o enorme potencial de expansão. O Texas consolidou-se como o segundo estado em número de empregos em energia limpa, impulsionado pela sua infraestrutura já robusta no setor de petróleo e gás, que está sendo adaptada para atender também às demandas de renováveis. No estado, cerca de 3% de todos os empregos já estão ligados ao setor de energia limpa, o que representa uma base significativa e crescente.

Crescimento percentual x volume absoluto

Olhando para o futuro, o panorama se divide entre crescimento percentual e volume absoluto de vagas. As energias renováveis lideram em taxas de expansão, a energia solar que deve crescer mais de 180%, mas ainda partem de bases menores. Em contrapartida, a assistência médica e social se destaca pelo volume expressivo de postos de trabalho, com meio milhão de novas posições previstas até 2034. Dessa forma, ambos os setores refletem as grandes forças que moldarão a economia mundial: de um lado, a necessidade urgente de enfrentar as mudanças climáticas; de outro, a inevitável transformação demográfica representada pelo envelhecimento populacional.

Convergência entre sustentabilidade e saúde

As perspectivas revelam que o mercado de trabalho nos próximos dez anos estará marcado pela convergência entre sustentabilidade e saúde. Para profissionais que buscam alinhar carreira e propósito, os dois setores oferecem oportunidades únicas, seja atuando na transição energética ou no cuidado de pessoas. Para investidores e formuladores de políticas públicas, os números reforçam a importância de estimular capacitação, inovação tecnológica e apoio financeiro para que os benefícios econômicos e sociais dessa transformação se concretizem.

O relatório do BLS, citado pelo Valor Econômico, traz uma mensagem clara: a próxima década será marcada por profundas mudanças no perfil dos empregos, exigindo adaptação rápida tanto de trabalhadores quanto de empresas. Por tanto, o futuro do trabalho já está sendo desenhado agora, e os setores de energias renováveis e assistência médica e social são protagonistas.

Fonte da imagem: Freepik.

Henrique de Castro Neves
Henrique de Castro Neves

Doutor em ciências econômicas aplicadas, mestre em ciência e tecnologia do leite e bacharel em administração e ciências contábeis.