Conhecimento que Transforma
a Segurança dos Alimentos!
Juntos, semeamos conhecimento para colher um futuro mais seguro

A inovação no Brasil continua fortemente associada aos estados com maior PIB, mas sinais de mudança já começam a redesenhar o mapa nacional. É o que mostra a segunda edição do Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID), divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O levantamento confirma a liderança de São Paulo como a capital mais inovadora do país, com pontuação de 0,872 – quase três vezes a média nacional, calculada em 0,3 – mas também revela movimentos de ascensão em estados fora do eixo tradicional.
A predominância paulista não surpreende. O estado responde por quase um terço do PIB brasileiro, concentra algumas das universidades mais prestigiadas do país, como USP e Unicamp, e mantém parques tecnológicos e polos industriais de grande peso. Cidades como Campinas e São José dos Campos consolidaram-se como referências em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, criando um ecossistema que sustenta a liderança. Além disso, São Paulo conta com uma infraestrutura logística e financeira robusta, o que facilita o fluxo de investimentos em startups e projetos de inovação.
No entanto, o relatório mostra que 12 estados mudaram de posição no ranking de inovação em relação ao ano anterior, sendo que seis avançaram e seis retrocederam. O Amazonas, por exemplo, deu um salto da 20ª para a 17ª posição, um sinal de que novas regiões começam a ganhar força. Esse movimento ainda é tímido quando comparado ao desempenho de estados do Sul e Sudeste, mas já indica que o Brasil pode caminhar para um cenário de inovação mais descentralizado.
Os estados do Sul aparecem como protagonistas em áreas específicas. Santa Catarina, em segundo lugar no índice geral, tem se destacado pelo número de startups e pelo acesso à internet, mostrando a vitalidade de seu ecossistema digital. O Rio Grande do Sul, por sua vez, lidera em impacto científico das publicações e no depósito de patentes na agroindústria, reforçando sua vocação para a inovação ligada ao campo. Já o Rio de Janeiro tem obtido bons resultados em setores criativos, com salários mais elevados na economia cultural e tecnológica. Minas Gerais, mesmo fora do pódio, segue relevante com iniciativas em biotecnologia e mineração sustentável.
Apesar desses avanços, os estados das regiões Norte e Nordeste permanecem abaixo da média nacional em praticamente todos os pilares do índice. Isso revela que as desigualdades regionais continuam a ser um desafio. Sem políticas públicas consistentes, investimentos em infraestrutura e estímulo à formação de capital humano, essas regiões correm o risco de ficar ainda mais distantes do centro da inovação brasileira. Ao mesmo tempo, os primeiros sinais de ascensão de estados como o Amazonas mostram que políticas direcionadas podem fazer diferença no longo prazo.
O fenômeno da concentração da inovação em grandes centros econômicos não é exclusivo do Brasil. Estudos internacionais demonstram que atividades econômicas complexas tendem a se acumular em grandes cidades, onde há redes de conhecimento, dinamismo e acesso a capital. No entanto, países que conseguiram distribuir melhor a inovação, como a Alemanha e o Canadá, o fizeram por meio de políticas regionais de estímulo, descentralização de investimentos e integração entre universidades e indústrias locais.
No Brasil, a mudança de mapa pode ser acelerada se houver foco em fortalecer ecossistemas emergentes. Isso significa investir em incubadoras, parques tecnológicos e programas de aceleração em regiões fora do eixo Rio-São Paulo. Também implica apoiar startups locais com crédito, linhas de fomento e capacitação. O fortalecimento de universidades e centros de pesquisa nas regiões Norte e Nordeste, aliado a parcerias com o setor privado, pode ser um caminho promissor para reduzir o abismo atual.
O IBID de 2025 deixa claro que a inovação ainda tem endereço certo no Brasil, e esse endereço se chama São Paulo. Mas também mostra que o país começa a escrever uma nova narrativa, onde outros estados começam a emergir como polos de destaque. A próxima década será decisiva para determinar se o Brasil continuará a ser um país de inovação altamente concentrada ou se conseguirá espalhar as oportunidades de desenvolvimento tecnológico e científico por um território mais amplo.
Fonte da imagem: Freepik,