Micropartículas de ferro e iodo podem revolucionar a fortificação de alimentos
A deficiência de micronutrientes é um problema de saúde pública global que atinge bilhões de pessoas. Nesse contexto, aproximadamente 2 bilhões de pessoas sofrem de deficiência de ferro, com impactos como anemia, desenvolvimento cerebral comprometido e mortalidade infantil aumentada. Ademais, a deficiência de iodo também gera problemas como bócio e déficits cognitivos, sendo historicamente abordada com o uso de sal iodado.
Diante disso, uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) promete transformar a maneira como combatemos essas deficiências por meio da alimentação: micropartículas inovadoras capazes de liberar ferro e iodo de forma eficiente, segura e sem alterar o sabor dos alimentos.
O Desafio da Fortificação Tradicional
Apesar da fortificação de alimentos já ser uma estratégia amplamente utilizada para combater deficiências nutricionais, ela enfrenta obstáculos importantes. O ferro por exemplo, quando adicionado a alimentos tende a reagir com outras moléculas e alterar o sabor, aroma e cor.
Já no caso do iodo, embora o sal iodado tenha sido uma solução eficiente, sua combinação com ferro em um único produto, como o sal duplamente fortificado, tem se mostrado instável, com perda de nutrientes ao longo do tempo.
A inovação do MIT
Sendo assim, pesquisadores do MIT criaram uma partícula cristalina conhecida como estrutura metal-orgânica (MOF). Trata-se de estruturas cristalinas microscópicas formadas por átomos metálicos (como o ferro) ligados a compostos orgânicos seguros para consumo, como o ácido fumárico, muito usado como aditivo alimentar para realçar sabor e na conservação de alimentos. Desse modo, essas partículas funcionam como “gaiolas”, protegendo os nutrientes até que estejam no estômago, ambiente ideal para serem absorvidos.
Ademais, os pesquisadores também incluíram iodo nas partículas MOF e chamaram de NuMOF, visando criar um sal duplamente fortificado com ferro e iodo. Já que tradicionalmente a combinação desses dois nutrientes é complicada. Assim, o ferro e o iodo são liberados apenas após a ingestão, evitando interações indesejadas com o alimento ou bebida em que estão incorporados.
Marco na ciência
A inovação das micropartículas de ferro e iodo do MIT representa um marco na ciência dos alimentos e na saúde pública. Ao unir alta estabilidade, eficácia e facilidade de aplicação, essa tecnologia tem potencial para redefinir os padrões de fortificação alimentar, tornando-a mais eficiente, acessível e aceitável ao paladar humano.
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Fonte da imagem: Canva.
