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A busca por alternativas eficazes e sensorialmente agradáveis ao açúcar tem sido um dos maiores desafios da indústria de alimentos e bebidas. Assim, enquanto os adoçantes tradicionais, como polióis e extratos vegetais (Stevia e Monk Fruit), enfrentam problemas de digestibilidade ou deixa gosto residual indesejados, uma nova fronteira tecnológica está emergindo: a combinação de proteínas doces com a fermentação de precisão. Desse modo, essa união promete entregar o dulçor idêntico ao da sacarose, com um rótulo limpo e sustentabilidade escalável.
Ao contrário dos adoçantes convencionais, formados por carboidratos ou glicosídeos, as proteínas doces são cadeias longas de aminoácidos presentes em frutas tropicais exóticas. Com isso, a grande vantagem bioquímica é que o corpo as digere como qualquer outra proteína, sem disparar a resposta insulínica.
Apesar de existirem na natureza, a extração massiva dessas proteínas de suas fontes vegetais é inviável devido ao alto custo e à insustentabilidade. É aqui que a fermentação de precisão entra em cena, revolucionando a cadeia de suprimentos. Assim, em vez de cultivar as frutas, os cientistas utilizam a biologia sintética para codificar a sequência de DNA da proteína doce em microrganismos, como leveduras ou fungos. Com isso, esses microrganismos são então cultivados em tanques de fermentação, onde produzem a proteína alvo em abundância.
Um dos maiores obstáculos na redução de açúcar é o retrogosto amargo ou metálico deixado por adoçantes intensivos. As proteínas doces, em particular a Brazeína, mimetizam a sacarose ao se ligarem aos receptores de sabor T1R2 e T1R3 de forma mais fiel, o que atenua esse problema. Desse modo, a tendência atual é utilizar as proteínas doces em blends (misturas) com outros adoçantes (como Stevia ou Eritritol) para “arredondar” o perfil sensorial, cobrindo as falhas e permitindo uma formulação mais agradável.
No entanto, apesar do otimismo, a tecnologia enfrenta desafios regulatórios, exigindo aprovação como Novel Foods em mercados como a União Europeia e o Brasil (Anvisa). Embora o custo inicial seja elevado, a expectativa é que a paridade de preço com a Stevia de alta pureza seja alcançada à medida que a capacidade global de fermentação aumentar.
Portanto, a indústria de alimentos e bebidas está migrando da era da “substituição” para a era da “bio-criação” de ingredientes.
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