Dia Internacional do Microrganismo

Dia Internacional do Microrganismo

Microrganismos — bactérias, fungos, protozoários, vírus — estão por toda parte: no solo, na água, no ar, no corpo humano, nos alimentos, nas plantas… mesmo que não possamos vê-los diretamente, eles exercem impactos profundos, benéficos e maléficos, no funcionamento dos ecossistemas, na saúde, na indústria, na tecnologia.

O Dia Internacional do Microrganismo (em inglês International Microorganism Day, ou IMD) é uma data anual dedicada a celebrar, divulgar e dar visibilidade a esse mundo invisível, porém fundamental à vida e ao desenvolvimento humano.

Origem histórica

  • A data foi oficialmente escolhida em 17 de setembro, porque nesse dia, em 1683, o comerciante holandês Antonie van Leeuwenhoek enviou uma carta à Royal Society of London na qual ele relata a primeira observação de organismos unicelulares.  
  • Van Leeuwenhoek, embora sem formação acadêmica formal, construiu seus próprios microscópios (houve muitos experimentos com lentes) e foi capaz de observar bactérias vivas presentes em uma placa dentária. Essas observações e desenhos foram um marco: estabeleceram bases para o que viria a se tornar a microbiologia moderna.
  • O Dia Internacional do Microrganismo é uma iniciativa relativamente recente: foi lançada pela Sociedade Portuguesa de Microbiologia (SPM) em 2017. Desde 2020 ela está coordenada também pela FEMS — a Federação das Sociedades Microbiológicas Europeias.

Objetivos do dia

Os propósitos centrais desta celebração incluem:

  1. Sensibilização pública: mostrar à sociedade em geral o quanto os microrganismos são essenciais — muitos só associam os microrganismos a doenças, ignorando seus papéis benéficos.
  2. Educação e divulgação científica: levar conhecimento (em escolas, universidades, museus, laboratórios) sobre microbiologia, mostrando suas aplicações, implicações éticas, sociais, tecnológicas.
  3. Inspirar novos pesquisadores/carreiras científicas: dar visibilidade aos microrganismos, pesquisadores e profissionais da área, motivar estudantes a se interessarem por esse campo.
  4. Democratização da ciência / literacia científica: melhorar o entendimento científico do público para que decisões políticas, pessoais e coletivas relacionadas a saúde, alimentação, meio ambiente sejam mais bem informadas. Por exemplo, em temas como uso de antibióticos, vacinas, segurança dos alimentos
  5. Mostrar a diversidade funcional dos microrganismos: seu papel na saúde humana (microbioma, doenças), biotecnologia, agricultura (fertilidade do solo, decomposição, fixação de nitrogênio), indústria (fermentações, produção de alimentos, enzimas), ambiente (reciclagem, decomposição, mudanças climáticas) etc

Por que 17 de setembro?

Além do fato histórico (carta de Leeuwenhoek em 17 de setembro de 1683), há razões simbólicas:

  • A data marca o início da microbiologia como disciplina — da observação, da curiosidade empírica, de métodos microscópicos.
  • Serve de ponto de encontro para eventos sincronizados internacionalmente, facilitando que várias instituições façam atividades no mesmo dia, promovendo o efeito de rede.

Importância atual

No mundo contemporâneo, este dia tem ainda mais relevância por várias razões:

  • Doenças infecciosas emergentes: pandemias como a de COVID-19 reforçam o papel central dos microrganismos — tanto patogênicos quanto benéficos — na saúde global. Entender sobre os microrganismos é essencial para prevenção, diagnóstico, tratamento.
  • Resistência a antibióticos: uso incorreto leva ao surgimento de cepas resistentes, ameaça global. Educar sobre microbiologia ajuda no controle e no uso responsável.
  • Alimentação e biotecnologia: fermentações, probióticos, controle de qualidade em alimentos, produção de enzimas etc.
  • Meio ambiente e sustentabilidade: microrganismos são fundamentais nos ciclos biogeoquímicos (nitrogênio, carbono), no tratamento de água, na decomposição, no solo, no equilíbrio dos ecossistemas.
  • Clima e oceanos: muitos microrganismos marinhos produzem oxigênio, fixam carbono; outros participam de processos que influenciam gases estufa. Alterações ambientais os afetam e eles reagem ao impacto humano, podendo afetar ecossistemas maiores.
  • Tecnologia e indústria emergentes: biocatálise, bioinformática, engenharia genética, microbiomas sintéticos, entre outros.

Como se celebra / exemplos de iniciativas

  • Laboratórios abertos e experiências interativas: escolas ou universidades permitem que visitantes façam observações com microscópios, cultivo de microrganismos em meios de cultura, experimentos simples.
  • Exposições e palestras: sobre microbiologia histórica, papel dos microrganismos na saúde, alimentação, meio ambiente.
  • Workshops e formação para professores: dar ferramentas para que educadores levem o tema para sala de aula.
  • Conteúdo online, transmissões ao vivo, mídias sociais: blogs, vídeos, transmissões de laboratórios, concursos de arte com microrganismos.
  • Degustações ou demonstrações de produtos microbianos: iogurtes, queijos, alimentos fermentados, mostrando o papel útil dos microrganismos.

Desafios e críticas

Também é importante considerar os pontos de atenção:

  • Mitos e desinformação: microrganismos são muitas vezes vistos só como causadores de doenças, o que gera medo, pânico ou rejeição de práticas úteis (por exemplo, alimentos fermentados, certos usos biotecnológicos).
  • Limitações de infraestrutura: em muitos países, laboratórios, escolas ou instituições não têm recursos para realizar atividades interativas ou experiências práticas.
  • Acesso desigual à ciência: nem todos os públicos têm acesso à divulgação científica de qualidade ou a uma educação em microbiologia.
  • Questões éticas e de biossegurança: manejar microrganismos patogênicos ou geneticamente modificados exige normas rígidas; divulgação precisa de responsabilidade.

 

O Dia Internacional do Microrganismo, celebrado todo dia 17 de setembro, é uma data com fundamento histórico claro, mas de importância crescente no mundo de hoje. Ele nos convida a revisitar a invisível – e ao mesmo tempo grandiosa – trama de seres vivos microscópicos que sustenta a vida, a saúde, a alimentação, o ambiente e a inovação humana.

Com educação, divulgação, boas práticas científicas e envolvimento público, pode-se não só valorizar esse mundo essencial, mas usá-lo para enfrentar desafios globais: doenças, crise ambiental, sustentabilidade.

Fonte da imagem: Freepik.

Keli Lima
Keli Lima

CEO da BR Quality e Estilo Food Safety, especialista em Qualidade e Segurança dos Alimentos. Atua como consultora, mentora e auditora líder em normas de Food Safety e ESG.