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Os recalls de alimentos e bebidas são uma das ferramentas mais importantes para a proteção da saúde pública. Além de retirar do mercado produtos que representam risco, eles funcionam como um termômetro da efetividade dos sistemas de controle de qualidade, tanto na indústria quanto na cadeia de distribuição.
Entre 2023 e 2025, o Brasil registrou um comportamento consistente nos números de recall, mas com mudanças importantes no perfil das causas — especialmente no aumento de ações relacionadas a empresas e produtos sem registro.
Recall no Brasil dados de 2023, 2024 e 2025
Os números mostram que:
O aumento dos recalls relacionados a empresas ou produtos sem registro é um sinal preocupante. Esse movimento aponta três questões estruturais:
O número crescente de produtores e marcas, muitas vezes sem conhecimento técnico ou orientação regulatória, aumenta a quantidade de produtos comercializados sem a devida regularização.
Empreendedores que trazem produtos, muitas vezes inovadores para o mercado mas que não possuem a base de informação necessária para produção de alimentos dentro dos parâmetros legais do país.
O uso da internet para comercialização de alimentos, onde marcas conseguem se fortalecer com bom marketing digital e uso de influencers, mas, da mesma forma, esquecem que estão produzindo alimento e que a produção de alimento vai muito além de saber fazer marketing ou venda, é preciso conhecer as leis e entender que estamos tratando da saúde das pessoas.
Como discutido no artigo “Recalls passados podem ensinar como evitar recalls futuros”, muitas empresas não reconhecem que operar sem registro não é apenas uma infração administrativa, é um risco direto à saúde da população.
O fato de 2025 apresentar 46 recalls nessa categoria evidencia um problema crescente, que precisa ser enfrentado com capacitação, comunicação regulatória clara e ações educativas principalmente para população para que não comprem produtos apenas pelo bom marketing de rede. Influenciadores que falam sobre alimentos devem entender sobre o tema e solicitar que os fabricantes lhe apresentem a documentação demonstrando que o produto está devidamente regulamentado, além de procurar conhecer as instalações de fabricação, antes de associar seu no me a qualquer marca de alimentos.
Os recalls por falsificação apresentaram os seguintes números: 15 (2023) e 14 (2024) e em 2025 temos 10 recalls por falsificação anunciados até o momento.
Não podemos dizer que tivemos uma redução nos casos de falsificação, pois sabemos que esse ano, muitos foram os relatos de fraudes em alimentos envolvendo principalmente: azeite, café e bebidas alcoólicas. Muitos destes casos estão vinculados ao Ministério da Agricultura e levaram a interdições, fechamentos de empresas, processos e muitos não estão relacionados na ANVISA com Recall anunciado pela agência.
A falsificação continua sendo uma das áreas mais complexas da segurança dos alimentos, especialmente em segmentos como suplementos, mel, azeite e bebidas alcoólicas que seguem ocupando os primeiros lugares de falsificação, sendo que nos últimos 3 anos o posto de recall por falsificação é ocupado pelos suplementos alimentares.
Importante destacar que alguns recalls relacionados a azeite, foram classificados como não atendimento de parâmetros de qualidade ou segurança de acordo com RTIQ.
Denúncias (7 → 12 → 11)
O comportamento relativamente estável e crescente indica:
Recalls voluntários (13 → 25 → 6)
A queda brusca em 2025 merece atenção.
Recalls voluntários são um indicador de maturidade da empresa: mostram que ela monitora, identifica falhas e age rapidamente antes da intervenção da fiscalização.
A queda para apenas 6 casos pode significar:
Em comparação com os EUA — como explorado no artigo “Recall de Alimentos 2024 e 2025: EUA” — há padrões semelhantes:
Com base na análise, destacam-se três recomendações essenciais para a indústria e para consultorias:
É importante que os órgãos reguladores pensem em estratégias de treinamento para consumidores e empreendedores, treinamentos que chamem atenção e sejam facilmente compreendidos.
Recalls não são apenas problemas — são oportunidades: oportunidades de corrigir processos, fortalecer sistemas e evitar que falhas se repitam.
E a análise deste período deixa claro: o mercado que não se adaptar à maturidade regulatória que está se consolidando ficará para trás.
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