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Em meio a uma crescente crise de saúde pública no Brasil, com dezenas de casos de intoxicação e mortes ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, pesquisadores do Departamento de Química e do Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveram uma tecnologia revolucionária para identificar a presença de metanol em bebidas. Com isso, oferecendo uma resposta rápida e de baixo custo para um problema grave.
Diferente do etanol que é o álcool presente em bebidas como cerveja, vinho e destilados, sendo seguro para consumo humano em quantidades moderadas, o metanol é um produto químico industrial com alta toxicidade. Por isso, quando ingerido, o metanol é metabolizado de forma diferente atingindo primeiramente o fígado que o converte em formaldeído e, subsequentemente, em ácido fórmico. Essas substâncias são extremamente tóxicas e atacam o sistema nervoso central, especialmente o nervo óptico, além de causar acidose metabólica severa.
A identificação de bebidas adulteradas com metanol a olho nu é praticamente impossível, a substância é incolor e possui odor e sabor semelhantes ao etanol.
Diante desse cenário, a tecnologia desenvolvida pela UEPB surge como um método rápido e de baixo custo que utiliza luz infravermelha. Desse modo, o equipamento emite luz sobre a garrafa, mesmo lacrada, que provoca uma agitação nas moléculas. Com isso, um software então coleta e interpreta os dados, identificando qualquer substância que não faça parte da composição original da bebida, incluindo metanol e até a adição de água para a adulteração.
Coordenada pelo professor David Douglas Fernandes, a pesquisa envolveu também os professores Railson de Oliveira Ramos, Germano Veras (PPGQ-UEPB) e Felix Brito (PPGCA-UEPB), além de outros pesquisadores. Diante disso, o método demonstrou uma taxa de classificação de 97% e consegue detectar adulterações em poucos minutos, sem a necessidade de produtos químicos.
Os pesquisadores da UEPB, em colaboração com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e com financiamento Fapesq, planejam escalar a produção do método. Assim, os pesquisadores estão criando um canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol, oferecendo uma solução portátil e de baixo custo para a detecção qualitativa da substância.
Dessa forma, a tecnologia chamou a atenção do Ministério da Saúde e tem o potencial de se tornar uma política pública, dada a urgência em conter os casos de intoxicação por metanol. Representantes da UEPB já se reuniram com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para discutir os avanços das pesquisas e a possibilidade de implementação em larga escala.
Referência:
UEPB desenvolve tecnologia inovadora para identificar metanol em bebidas e ganha repercussão nacional. Disponível em: <https://uepb.edu.br/uepb-desenvolve-tecnologia-inovadora-para-identificar-metanol-em-bebidas-e-ganha-repercussao-nacional/>. Acesso em: 23 out. 2025.
Fonte da imagem: Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)