Variabilidade na aceitação global de alimentos irradiados

Variabilidade na aceitação global de alimentos irradiados

Variabilidade na aceitação global de alimentos irradiados

A irradiação de alimentos é um processo que utiliza radiação ionizante para melhorar a segurança e a vida útil dos alimentos. De forma semelhante à pasteurização, esse método visa eliminar microrganismos patogênicos e deterioradores. Entretanto, apesar dos benefícios comprovados, a aceitação global de alimentos irradiados apresenta variabilidades significativas, frequentemente influenciadas por percepções públicas equivocadas e desinformação.

A percepção global sobre alimentos irradiados 

Um estudo recente, que analisou 27 artigos revisados por pares publicados entre 1992 e 2024, revelou mudanças na aceitação global de alimentos irradiados. Ademais a revisão incluiu mais de 24 mil participantes de 15 países. Com isso, observou-se que:

  • Aceitação: subiu de 33% em 1992 para 67% em 2024.
  • Recusa ao comprar: diminuiu ligeiramente, de 19% para 16%.
  • Familiaridade: Se manteve estagnada em torno de 50%.

Sendo assim, esses resultados sugerem que, embora a aceitação esteja em ascensão, o conhecimento aprofundado sobre o processo e seus benefícios ainda é limitado, o que explica a estagnação na familiaridade dos entrevistados com esse método.

Variabilidade na aceitação

É importante destacar que a aceitação de alimentos irradiados não é uniforme e varia significativamente entre diferentes regiões do mundo. Desse modo, países em desenvolvimento tendem a apresentar taxas de aceitação mais baixas em comparação com nações altamente industrializadas. Essa diferença pode ser atribuída a diversos fatores como:

  • Falta de acesso a informações baseada em evidências científicas.
  • Faixa etária, indivíduos mais velhos são menos propensos a aceitar esses alimentos.
  • Fatores geográficos e culturais.
  • Equívocos, como a conexão entre alimentos irradiados e doenças como o câncer.
Barreira: a percepção de risco, o medo e a preocupação

Apesar dos avanços na aceitação, a percepção de risco, o medo e a preocupação continuam sendo barreiras significativas. A associação da palavra “irradiação” com “radioatividade” ou “radioterapia” evoca, para muitos, a imagem de câncer e danos à saúde. Assim, essa conexão, embora cientificamente infundada, uma vez que a irradiação não torna o alimento radioativo, gera certa hesitação e muitas vezes resistência. 

O papel crucial da informação

A informação emerge como um dos pilares mais importantes na formação da opinião pública sobre alimentos irradiados. Assim sendo, estudos demonstram que, quando os consumidores são munidos de dados científicos claros e concisos sobre os benefícios da irradiação, como a eliminação de patógenos e o prolongamento da vida útil sem alteração do valor nutricional, a taxa de aceitação pode aumentar. 

Futuro dos alimentos irradiados

A irradiação de alimentos possui um potencial significativo para enfrentar desafios globais, como o desperdício e a segurança dos alimentos. Todavia, para que possa ser usada em seu pleno potencial é de suma importância que haja uma comunicação clara e transparente com os consumidores. 

Assim, para superar os desafios, é fundamental investir em campanhas de educação e comunicação transparentes, baseadas em evidências científicas. Desse modo, ao fornecer informações claras sobre a segurança e os benefícios da irradiação, e ao desmistificar as concepções errôneas, é possível construir a confiança do consumidor e promover uma maior aceitação dessa tecnologia.


Clique aqui para acessar o estudo completo.
Fonte da imagem: Freepik.

Emanuele Aparecida Santana Freitas
Emanuele Aparecida Santana Freitas