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Food Defense como elaborar?

Por: Keli Lima Neves

 

Food Defense como elaborar?

Nos últimos anos, a segurança dos alimentos tem se tornado uma prioridade crescente em indústrias de alimentos e bebidas ao redor do mundo, a cada ano fica mais evidente que as pessoas estão informadas sobre o impacto da alimentação na sua vida e que é necessário se preocupar com a segurança do que consomem. Esse cenário movimenta a cadeia de alimentos na busca de programas que sejam úteis para tratar todos os tipos de incidentes possíveis e dentro desse contexto, o Food Defense surge como uma estratégia crucial para proteger a cadeia de suprimentos contra atos intencionais de contaminação, sabotagem ou terrorismo. O conceito vai além da segurança dos alimentos tradicional, que foca em riscos não intencionais, como contaminação bacteriana ou química, e abrange ameaças deliberadas que podem impactar gravemente a saúde pública e a economia.

Importância do Programa de Food Defense

A implementação de um programa de Food Defense é fundamental para garantir que a cadeia produtiva de alimentos esteja protegida contra possíveis ataques intencionais, que podem incluir:

  • Contaminação intencional: adição deliberada de substâncias perigosas em alimentos, como produtos químicos, toxinas ou agentes biológicos.
  • Sabotagem: danos físicos à infraestrutura de produção ou distribuição de alimentos com o intuito de interromper o fornecimento.
  • Fraude alimentar: alteração ou substituição intencional de produtos alimentares com a finalidade de obter ganhos financeiros, sem a preocupação com a saúde do consumidor. Este tipo de contaminação intencional é melhor tratada no programa de Food Fraud.

A implementação de um programa de Food Defense se torna não só uma exigência regulatória em vários países, como também uma responsabilidade social das empresas de garantir a confiança do consumidor, proteger a integridade da marca e evitar danos econômicos significativos.

 

Regulamentação de Food Defense como elaborar?

Em muitos países, órgãos regulatórios, como a Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos, exigem que as empresas adotem medidas de Food Defense. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) também recomendam práticas de proteção alimentar, no entanto, não há uma diretriz muito específica sobre o tema.

 

Como Elaborar um Programa de Food Defense

Para implementar um programa eficaz de Food Defense, as empresas devem seguir um

plano estruturado que inclua no mínimo as seguintes etapas:

  1. Avaliação de Vulnerabilidades (Food Defense Assessment)

O primeiro passo para elaborar um plano de Food Defense é identificar os pontos vulneráveis ao longo de toda a cadeia de produção, desde a entrada de matérias-primas até o produto final. Isso inclui uma avaliação detalhada de:

  • Instalações físicas: identificar áreas críticas que possam estar expostas a ataques, como pontos de acesso não controlados, áreas de armazenamento, linhas de produção e sistemas de distribuição.
  • Pessoas: avaliar o acesso de funcionários e visitantes, identificando possíveis riscos internos, como roubo de informações ou sabotagem.
  • Processos: mapear processos críticos que, se comprometidos, poderiam impactar a segurança dos alimentos, como transporte, embalagem e controle de qualidade.

 

  1. Desenvolvimento de Medidas Preventivas

Com base na avaliação de vulnerabilidades, o próximo passo é desenvolver e implementar medidas de controle que possam mitigar os riscos identificados. Algumas ações incluem:

  • Controle de acesso: implementação de sistemas de segurança, como crachás de identificação, câmeras de vigilância e monitoramento de visitantes.
  • Monitoramento de áreas críticas: uso de alarmes, sensores e tecnologia de rastreamento para garantir que áreas de maior risco sejam monitoradas continuamente.
  • Treinamento de funcionários: capacitação contínua de todos os colaboradores para reconhecer e reportar atividades suspeitas ou comportamentos inadequados.
  • Procedimentos de emergência: desenvolvimento de protocolos para lidar com incidentes, garantindo uma resposta rápida e eficaz em caso de ameaças à segurança alimentar.

 

  1. Plano de Resposta a Incidentes

Um programa de Food Defense eficaz deve incluir um plano detalhado para lidar com incidentes de segurança. Esse plano deve prever:

  • Comunicação interna e externa: procedimentos claros para informar as autoridades competentes, clientes e o público em caso de um ataque.
  • Rastreabilidade: mecanismos que permitam rastrear rapidamente a origem e o destino de produtos, possibilitando a retirada de alimentos contaminados de circulação.
  • Planos de contingência: ações imediatas para interromper a produção e garantir a segurança dos funcionários e dos consumidores até que o incidente seja resolvido.

 

  1. Auditorias e Revisões Periódicas

Como as ameaças à segurança dos alimentos estão em constante evolução, é essencial que o plano de Food Defense seja revisado regularmente. Auditorias internas e externas devem ser realizadas para identificar novas vulnerabilidades e ajustar as medidas de controle quando necessário. Além disso, é recomendável que as empresas mantenham uma cultura de melhoria contínua.

 

Quais referências usar para construir o programa de Food Defense?

Para elaborar um programa de Food Defense, é necessário seguir normas e diretrizes estabelecidas por diferentes organizações reguladoras internacionais e nacionais. Abaixo estão as principais normas e documentos que orientam a implementação desse programa:

 

  1. Food Safety Modernization Act (FSMA) – FDA (EUA)
  • Nome completo: Food Safety Modernization Act
  • Organização: U.S. Food and Drug Administration (FDA)
  • Descrição: O FSMA exige que as indústrias de alimentos implementem um plano de defesa alimentar com base na Avaliação de Vulnerabilidade e em medidas de mitigação para proteger contra contaminações intencionais. A seção Intentional Adulteration Rule é a que aborda especificamente o Food Defense.
  • Disponível em: FDA – FSMA

 

  1. PAS 96 – BSI (Reino Unido)
  • Nome completo: PAS 96: Guide to Protecting and Defending Food and Drink from Deliberate Attack
  • Organização: British Standards Institution (BSI)
  • Descrição: A PAS 96 é um guia detalhado que oferece orientações para proteger alimentos e bebidas contra ataques deliberados, como sabotagem, bioterrorismo e fraude alimentar. Ele se baseia na análise de riscos e vulnerabilidades, abordando boas práticas para implementar um plano de Food Defense.
  • Disponível em: BSI PAS 96

 

  1. Norma ISO 22000:2018 – Gestão da Segurança de Alimentos
  • Nome completo: ISO 22000:2018 – Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos
  • Organização: International Organization for Standardization (ISO)
  • Descrição: Embora a ISO 22000 aborde a segurança de alimentos de maneira ampla, ela também menciona a necessidade de proteger as cadeias de suprimento contra adulterações intencionais. As empresas que implementam o sistema de gestão de segurança de alimentos precisam incorporar medidas de Food Defense.
  • Disponível em: ISO 22000

 

  1. Crime alimentar – orientações para as empresas
  • Nome completo: Food crime – guidance for businesses
  • Organização: Food Standards Agency (FSA) – Reino Unido
  • Descrição: O reino unido possui uma fundação chamada de National Food Crime Unit ( NFCU ). É uma função de aplicação da lei dedicada da Food Standards Agency (FSA). A unidade fornece liderança em crimes alimentares na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. No site é possível ter acesso a muitas orientações e materiais que podem ajudar na construção e manutenção dos programas de Food Defense em diferentes negócios.
  • Disponível em: FSA 

 

  1. Functional Food Defense Plans
  • Nome completo: Functional Food Defense Plans ou Plano de defesa alimentar funcional
  • Organização: FSIS – USDA – Department of Agriculture
  • Descrição: Um plano de defesa alimentar funcional é uma ferramenta importante que um estabelecimento pode usar para prevenir, proteger, mitigar, responder e se recuperar de um incidente de contaminação intencional. No site do departamento são apresentados inúmeras orientações e materiais para auxiliar na construção e manutenção do programa.
  • Disponível em: FSIS USDA

 

  1. BRCGS – Global Standard for Food Safety
  • Nome completo: BRC Global Standard for Food Safety (Issue 9)
  • Organização: BRCGS (British Retail Consortium Global Standards)
  • Descrição: O BRCGS exige que as empresas alimentícias tenham um plano formal de Food Defense. Ele inclui a avaliação de ameaças e a implementação de medidas de mitigação para evitar adulteração intencional de alimentos.
  • Disponível em: BRCGS Standards

 

  1. Codex Alimentarius – FAO/WHO
  • Nome completo: Codex Alimentarius – General Principles of Food Hygiene
  • Organização: FAO/WHO (Food and Agriculture Organization / World Health Organization)
  • Descrição: O Codex Alimentarius é um conjunto de padrões internacionais que inclui diretrizes para a higiene dos alimentos e segurança. Embora focado em segurança dos alimentos, menciona a proteção contra adulterações intencionais, sendo uma base para a construção de programas de Food Defense.
  • Disponível em: Codex Alimentarius

 

  1. FSSC 22000
  • Organização: FSSC – Food Safety System Certification
  • Descrição: Para a certificação FSSC 22000, um dos requisitos adicionais do sistema é a implementação do programa de Food Defense e para auxiliar neste processo, um guia com orientações específicas foi publicado. Os Programas de Defesa dos alimentos devem ser desenvolvidos para reduzir os riscos de ameaças internas e externas, a fim de proteger os seus clientes.
  • Disponível em: FSSC

9. IFS Food

  • Nome completo: IFS Food
  • Organização: IFS (International Featured Standards)
  • Descrição: Padrão utilizado para certificação de Sistema de Segurança dos Alimentos, equivalente a BRCGS e a FSSC 22000 de acordo com o GFSI. Traz requisitos específicos sobre defesa dos alimentos e um guia com orientações específicas foi publicado.
  • Disponível em: Disponível em: IFS

Essas normas e documentos fornecem orientações abrangentes para a criação de um programa de Food Defense, integrando tanto a avaliação de riscos quanto a implementação de medidas preventivas e corretivas necessárias para proteger a cadeia alimentar contra ameaças deliberadas.

O desenvolvimento de um programa de Food Defense eficaz é essencial para proteger a cadeia de suprimentos de alimentos contra ameaças intencionais maliciosas, preservar a confiança dos consumidores e garantir a conformidade com regulamentações internacionais. Ao adotar uma abordagem preventiva, as empresas podem não apenas mitigar os riscos, mas também demonstrar seu compromisso com a segurança dos alimentos e a responsabilidade social.

A elaboração desse programa exige uma avaliação contínua de vulnerabilidades, o desenvolvimento de medidas preventivas e uma preparação adequada para responder a incidentes. Com isso, as empresas fortalecem sua resiliência e garantem a integridade de seus produtos frente aos desafios de um ambiente cada vez mais dinâmico e interconectado.

 

Food Defense, o que é e como implementar?

Fonte da Imagem: Freepik

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