exposição infantil a agrotóxicos

Crianças estão consumindo mais agrotóxicos do que o aceitável: o que a ciência brasileira revelou

Estudo da Fiocruz alerta para níveis alarmantes de exposição infantil a agrotóxicos em alimentos do dia a dia. Entenda os riscos e os caminhos possíveis para a segurança dos alimentos na infância.

exposição infantil a agrotóxicos

Um estudo recente da Fiocruz revelou um cenário preocupante: a maioria dos alimentos consumidos por crianças no município do Rio de Janeiro apresenta resíduos de agrotóxicos.

Dessa forma, a pesquisa liderada por Angélica Castanheira de Oliveira (INCQS/Fiocruz), reacende o alerta sobre a exposição infantil a agrotóxicos e seus impactos duradouros na saúde.

O que a pesquisa analisou?

A equipe coletou e analisou 141 amostras de alimentos comuns na dieta infantil, como frutas, vegetais, cereais e leites — incluindo tanto produtos industrializados quanto específicos para crianças.

Os dados mais chocantes

  • No total, 83% das amostras continham ao menos um tipo de agrotóxico.
  • Além disso, alguns alimentos apresentaram 100% de contaminação: banana prata, maçã nacional, laranja lima e mamão formosa.
  • Já entre leites e fórmulas infantis: 91,7% das amostras apresentaram resíduos.
  • Por fim, nos cereais para bebês:  84,4% estavam contaminados.

Quais agrotóxicos foram encontrados?

Entre os mais detectados, estão:

  • Carbendazim – pode causar toxicidade hepática e reprodutiva.
  • Pirimifós metílico – associado a efeitos neurológicos e respiratórios.
  • Piperonil butóxido – ligado a alterações renais e desregulação endócrina.

Portanto, mesmo em pequenas doses, a exposição infantil a agrotóxicos pode gerar efeitos acumulativos e irreversíveis ao longo da vida.

Por que crianças são mais vulneráveis?

Crianças não são pequenos adultos. Elas estão mais expostas aos riscos porque:

  • Consomem mais alimento por quilo corporal.
  • Possuem metabolismo e defesas ainda em desenvolvimento.
  • Estão em fase de crescimento celular acelerado.

Assim, o impacto dos contaminantes é potencializado na infância.

Urgência de ação

O estudo comprova que a exposição infantil a agrotóxicos começa desde os primeiros anos de vida, muitas vezes antes que pais e responsáveis percebam.

O cenário exige:

  • Regulamentações mais rígidas para alimentos infantis.
  • Fiscalização constante na cadeia alimentar.
  • Incentivo a práticas agrícolas seguras e sustentáveis.

Ciência a serviço da infância

A pesquisa conduzida no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) reforça o papel essencial da ciência pública brasileira na proteção da saúde coletiva.

📄 O estudo completo está disponível na Saúde em Debate: aqui

 

Mirella Polato
Mirella Polato