Metanol: O perigo invisível em bebidas adulteradas
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH3OH), é um composto orgânico da família dos álcoois e líquido à temperatura ambiente. Apesar de suas semelhanças com o etanol (álcool etílico), o metanol é altamente tóxico para seres humanos, podendo causar danos severos à saúde e até a morte, mesmo em pequenas doses.
Recentemente, casos de intoxicação e mortes na Grande São Paulo por consumo de bebidas adulteradas com metanol acenderam um alerta sobre os perigos dessa substância e a importância de práticas rigorosas de segurança dos alimentos.
Metanol vs. Etanol: Uma diferença crucial
Enquanto o etanol é o álcool presente em bebidas como cerveja, vinho e destilados, sendo seguro para consumo humano em quantidades moderadas, o metanol é um produto químico industrial com alta toxicidade. A adulteração de bebidas alcoólicas com metanol é crime. No entanto, essa substância pode aparecer naturalmente em baixíssimas concentrações em algumas bebidas alcoólicas devido ao processo de fermentação de açúcares e pectinas. Esses níveis são estritamente regulados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para garantir a segurança do consumidor.
A toxicidade do metanol no organismo
Quando uma pessoa ingere metanol, o corpo o metaboliza de forma diferente do etanol. Diante disso, o primeiro órgão a ser atingido é o fígado, que converte o metanol em formaldeído e, subsequentemente, em ácido fórmico substâncias extremamente tóxicas que atacam o sistema nervoso central, especialmente o nervo óptico, e causam acidose metabólica severa. Desse modo, os sintomas iniciais da intoxicação começam a surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão e incluem:
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Visão turva ou perda da visão: Podendo levar à cegueira permanente.
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Distúrbios neurológicos: Como dor de cabeça, tontura, confusão mental.
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Problemas gastrointestinais: Náuseas, vômitos e cólicas e dores abdominais.
A concentração de ácido fórmico no sangue causa a sobrecarga do metabolismo intracelular, afetando as mitocôndrias, responsáveis pela geração de energia das células. Com isso, em casos graves, a intoxicação por metanol pode levar à falência de múltiplos órgãos e à morte, como nos casos registrados recentemente em São Paulo.
Identificação de bebidas adulteradas e como se proteger
A identificação de bebidas adulteradas com metanol a olho nu é praticamente impossível, pois a substância é incolor e possui odor e sabor semelhantes ao etanol. No entanto, alguns sinais podem indicar adulteração:
- Preço muito baixo: Desconfie de bebidas vendidas por um preço muito inferior ao de mercado.
- Embalagem e rótulo: Verifique a integridade do lacre, a qualidade do rótulo (erros de ortografia, impressão borrada, informações ausentes como CNPJ, endereço do fabricante e número de lote) e a aparência geral da embalagem.
- Local de compra: Evite comprar bebidas de fontes não confiáveis ou do mercado informal.
Em caso de suspeita do consumo de bebida adulterada e aparecimento de qualquer sintoma, é fundamental buscar atendimento médico imediato. A demora no diagnóstico e tratamento aumenta significativamente o risco de desfechos graves, incluindo o óbito.
Além de procurar socorro médico, a pessoa que suspeitar intoxicação deve contatar instituições especializadas para orientação, como:
Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
CIATox da sua cidade (Centro de Informação e Assistência Toxicológica)
Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733
É igualmente importante alertar e orientar outras pessoas que possam ter consumido a mesma bebida a procurar atendimento médico imediatamente.
O papel da regulamentação e da fiscalização
O metanol é um produto químico controlado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que exige registro obrigatório para sua movimentação e armazenamento, visando coibir seu uso indevido. No entanto, a fiscalização de bebidas alcoólicas é um desafio complexo, que envolve o MAPA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e os órgãos de defesa do consumidor, como o Procon.
Sendo assim, a colaboração entre esses órgãos e a conscientização do consumidor são essenciais para combater a produção e a comercialização de bebidas adulteradas, garantindo a segurança dos alimentos e a saúde da população.
Referências
Intoxicação por metanol é diferente do abuso de álcool; veja os sinais. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-09/intoxicacao-por-metanol-e-diferente-do-abuso-de-alcool-veja-os-sinais>. Acesso em: 2 out. 2025.
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