Aditivos e coadjuvantes de tecnologia

Aditivos e coadjuvantes de tecnologia

Aditivos e coadjuvantes de tecnologia

Nem tudo que compõe um alimento tem valor nutricional e isso é fato conhecido. Também é importante lembrarmos que os aditivos e coadjuvantes não podem ser colocados como vilões na produção de alimentos. O processamento de alimentos é necessário e se não fosse ele, todo progresso e avanço existente seriam igualmente limitados.

Aditivos e coadjuvantes de tecnologia

Paremos para pensar na forma que o HACCP foi desenvolvido, o objetivo era levar o homem para viagens espaciais. Como eles sobreviveriam sem comida nesta viagem? E como eles levariam comida? Foi necessário desenvolver técnica de produção, uso de aditivos e uma ferramenta como o HACCP para garantir que o alimento além de nutritivo e com validade longa, fosse seguro.

E no seu dia-a-dia, comodidade, velocidade, acesso a comida do mundo inteiro, compras de alimentos pela internet, prazo de validade estendido. Nada disso seria possível sem o processamento de alimentos, sem o uso de aditivos e coadjuvantes.

A modernização da indústria alimentícia exige tecnologias capazes de garantir segurança, estabilidade e aceitação sensorial dos produtos. Entre essas ferramentas, destacam-se os aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia, frequentemente confundidos pelo consumidor e até por profissionais da área.

A questão é o equilíbrio e a avaliação sobre aditivos que não possuem qualquer valor nutricional ou de segurança, bem como o consumo de certos alimentos que são totalmente dispensáveis.

É possível sim reduzir ou até deixar de usar alguns aditivos, mas isso requer uma mudança de hábito de consumo. Por exemplo, o uso de corantes artificiais, possuem apenas a função de dar cor, não tem função nutricional e nem de segurança, mas será que compraríamos um produto sem aquela cor que chama atenção?

Aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia desempenham papéis essenciais na fabricação de alimentos. Embora ambos sejam utilizados durante o processamento, possuem finalidades e requisitos regulatórios distintos.

A correta compreensão desses termos é essencial para assegurar o cumprimento da legislação, proteger a saúde do consumidor e garantir a rotulagem adequada.

 

 Conceitos fundamentais

Aditivo Alimentar

De acordo com a ANVISA (Resolução RDC Nº 778, DE 1° DE MARÇO DE 2023)

“Aditivo alimentar: todo ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento”

Funções principais:

  • melhorar características sensoriais (cor, aroma, textura);
  • aumentar a estabilidade e vida de prateleira;
  • permitir o processamento industrial.

Exemplos: conservantes (sorbatos), antioxidantes (ácido ascórbico), edulcorantes (sucralose), corantes (betacaroteno), estabilizantes (lecitina).

 

Coadjuvante de Tecnologia 

“Coadjuvante de tecnologia de fabricação: toda substância ou matéria, excluídos equipamentos e utensílios, que não se consome como ingrediente por si só e que se utiliza intencionalmente na elaboração de matérias-primas, ingredientes ou alimentos, para alcançar uma finalidade tecnológica durante seu tratamento ou elaboração, podendo resultar na presença não intencional, porém inevitável, de resíduos ou derivados no produto final”

Exemplos: enzimas (amilase, protease), agentes filtrantes (sílica gel), agentes de extração (solventes).

Características que o diferenciam do aditivo:

  • não exerce função no produto final;
  • presença residual é acidental e limitada;

 

Segurança e avaliação toxicológica

Antes de autorizar o uso de um aditivo, agências internacionais avaliam sua segurança:

  • JECFA/FAO/WHO – Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares
  • ANVISA – Agência Nacional e Vigilância Sanitária

Estes são os principais para a aprovação no Brasil, mas todos os países possuem os seus reguladores específicos para tais aprovações.

Etapas:

  1. Estudos toxicológicos
  2. Determinação da IDA (Ingestão Diária Aceitável)
  3. Definição dos limites máximos de uso (LMU)

Só após essas etapas os organismos reguladores aprovam o aditivo com seus limites de uso definidos para categorias de alimentos.

 

Aditivos alimentares são essenciais para garantir características sensoriais, estabilidade e segurança dos alimentos. Já os coadjuvantes de tecnologia atuam apenas durante o processamento e não devem exercer função tecnológica no produto final.

O profissional da indústria deve conhecer:

  • legislação vigente,
  • limites de uso,
  • necessidade ou não de declaração em rótulos.

A compreensão correta desses conceitos evita erros de rotulagem, não conformidades durante auditorias e, principalmente, garante a proteção do consumidor.

E fica a conclusão de que nem sempre os aditivos são vilões, muitos, se usados da forma correta, fazem papel de mocinho, protegendo a saúde dos consumidores.

Fonte da imagem: Canva.

Keli Lima
Keli Lima

CEO da BR Quality e Estilo Food Safety, especialista em Qualidade e Segurança dos Alimentos. Atua como consultora, mentora e auditora líder em normas de Food Safety e ESG.