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As micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por fungos de diferentes gêneros, como por exemplo: Aspergillus, Fusarium e Penicillium, que contaminam uma ampla variedade de alimentos, incluindo cereais e castanhas. A presença dessas substâncias representa um risco significativo à saúde humana e animal, além de impactar negativamente a economia agrícola global.
Micotoxina: um perigo invisível nos alimentos.
Estudos recentes indicam que cerca de 25% da produção mundial de grãos está contaminada por micotoxinas, com variações regionais significativas. Por exemplo, na América Latina, uma pesquisa revelou que 89% das amostras de alimentos e rações balanceadas coletadas em países como Brasil, Argentina e México apresentaram presença de uma ou mais micotoxinas. As mais prevalentes incluem aflatoxinas, fumonisinas, deoxinivalenol (DON), zearalenona (ZEA), ocratoxina A (OTA) e toxina T-2/HT-2 .
A detecção tradicional de micotoxinas envolve métodos laboratoriais como cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) e ensaios imunoquímicos. Embora eficazes, esses métodos são demorados, caros e exigem amostras preparadas em laboratório. Além disso, eles não são ideais para triagem em larga escala ou para detecção em tempo real durante o processamento de alimentos.
Entre as micotoxinas, temos as aflatoxinas, especialmente a aflatoxina B1 (AFB1), destacam-se devido à sua alta toxicidade e potencial carcinogênico. Elas são produzidas por fungos do gênero Aspergillus, como A. flavus e A. parasiticus, e são frequentemente encontradas em amendoins, milho, castanhas e outros produtos alimentícios.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália, publicado no periódico Toxins descreve como a imagem hiperespectral avançada (HSI) integrada ao aprendizado de máquina (ML) pode identificar micotoxinas que podem contaminar alimentos durante o crescimento, a colheita e o armazenamento de cereais e castanhas.
Segundo o estudo a combinação de imagem hiperespectral (HSI) com aprendizado de máquina (ML) emergiu como uma abordagem promissora para a detecção não destrutiva de micotoxinas. A HSI captura informações espectrais detalhadas de cada pixel de uma imagem, permitindo a identificação de características químicas e físicas dos alimentos. Quando integrada com algoritmos de ML, essa técnica pode classificar e quantificar a presença de micotoxinas com alta precisão.
Apesar dos avanços, existem desafios a serem superados para a implementação ampla da HSI com ML na detecção de micotoxinas:
Para superar esses desafios, futuras pesquisas devem focar no desenvolvimento de algoritmos de ML mais robustos, capazes de lidar com a variabilidade dos dados espectrais, e na criação de bases de dados mais amplas e diversificadas. Além disso, a colaboração entre pesquisadores, indústrias alimentícias e órgãos reguladores é fundamental para a implementação eficaz dessa tecnologia.
Embora a pesquisa mencionada se concentre na detecção de micotoxinas em grãos de cereais e castanhas, a tecnologia de HSI integrada com ML tem potencial para ser aplicada a uma ampla gama de alimentos. Isso inclui frutas secas, café, especiarias, leite e seus derivados, que também são suscetíveis à contaminação por micotoxinas. A adaptação dessa tecnologia para diferentes matrizes alimentares pode ampliar significativamente sua utilidade na garantia da segurança alimentar global.
A crescente prevalência de micotoxinas na produção de alimentos destaca a necessidade urgente de métodos de detecção mais eficientes e acessíveis. A integração de imagem hiperespectral com aprendizado de máquina representa uma inovação significativa nesse campo, oferecendo uma solução promissora para monitorar e mitigar os riscos associados à contaminação por micotoxinas. A adoção e expansão dessa tecnologia podem contribuir substancialmente para a melhoria da segurança dos alimentos e a proteção da saúde pública em nível global.