Recall do “Meu Primeiro Lanchinho” da Nestlé no Brasil: Entenda o Caso
Por: Keli Lima Neves
Recall Nestlé
A Nestlé, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, anunciou um recall voluntário no Brasil de seu produto infantil “Meu Primeiro Lanchinho”, voltado para crianças pequenas. A decisão de retirar o produto do mercado trouxe atenção tanto por envolver alimentos destinados a bebês quanto pelo que motivou o recolhimento
Já falamos por aqui sobre a diferença de um Recall Voluntário e um Recall Obrigatório. Geralmente o Recall voluntário está vinculado a identificação de um desvio pelo próprio fornecedor, que considera o produto potencialmente inseguro e anuncia o recolhimento.
- Meu Primeiro Lanchinho, marca Mucilon® – Snack de Morango e Banana, sachê de 35g, com datas de validade em 01/05/2025, 01/06/2025 e 01/07/2025, dos lotes especificados.
- Meu Primeiro Lanchinho, marca Mucilon® – Snack de Laranja e Banana, sachê de 35g, com datas de validade em 01/06/2025, dos lotes especificados.
Confira as informações e todos os lotes deste Recall divulgados pela ANVISA.
Motivação do Recall
Segundo o comunicado da Nestlé “Durante análises de qualidade de rotina, a Nestlé identificou a presença de aflatoxina em níveis acima do estabelecido pela legislação vigente. O consumo de alimentos com níveis aumentados dessa substância por período prolongado pode ser prejudicial à saúde, incluindo, em casos extremos, potenciais problemas relacionados ao fígado.
Como a contaminação foi descoberta?
Durante análises de qualidade de rotina, a Nestlé identificou a possível presença de aflatoxina em níveis acima do estabelecido pela legislação vigente no Brasil. Assim que a inconformidade foi detectada, a distribuição e comercialização desses lotes foi suspensa.
Sobre a contaminação
A Aflatoxina é uma micotoxina e existe legislação para determinar o nível máximo de cada tipo de micotoxina nos diferentes alimentos, para que o consumo seja seguro, uma vez que as micotoxinas são prejudiciais a saúde.
As micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por fungos filamentosos, como os gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que contaminam alimentos e rações em diferentes estágios da cadeia produtiva.
Tipos Comuns de Micotoxinas
As micotoxinas mais comuns incluem:
- Aflatoxinas: Produzidas por fungos do gênero Aspergillus, são altamente carcinogênicas e frequentemente encontradas em amendoins, milho e nozes.
- Ocratoxinas: Associadas a cereais, café e uvas secas, têm efeitos nefrotóxicos e imunossupressores.
- Fumonisinas: Derivadas de Fusarium, afetam milho e produtos à base de milho, causando problemas no sistema nervoso e fígado.
- Zearalenona: Também produzida por Fusarium, pode mimetizar estrogênios e causar problemas reprodutivos.
- Tricotecenos: Como a deoxinivalenol (DON), estão presentes em grãos e são associados à imunossupressão e efeitos gastrointestinais.
Ocorre que muitas empresas não realizam esta analise e muitas vezes nem consideram este contaminante como um perigo para os produtos fabricados.
caso de crianças, os limites são ainda mais restritivos e de acordo com a legislação nacional para aflatoxinas, temos o seguinte limite estabelecido:
Impacto na Saúde
As micotoxinas podem causar desde sintomas agudos, como vômitos e diarreia, até condições crônicas, incluindo câncer, doenças hepáticas e imunossupressão. Em animais, o consumo de rações contaminadas resulta em perda de peso, redução da produtividade e mortalidade.
Rotas de Contaminação
A contaminação ocorre predominantemente durante o cultivo, colheita, armazenamento ou processamento inadequado dos alimentos. Condições ambientais, como alta umidade e temperaturas elevadas, favorecem o crescimento de fungos e a produção de micotoxinas. Uma vez presente na matéria prima, os processos de transformação dificilmente trarão algum impacto para redução.
Você considera e implementa controles apropriados para micotoxinas no seu produto?
Fonte da Imagem: Freepik
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