A Anvisa divulgou, em 11 de dezembro de 2024, os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) de 2023. Foram analisadas 3.294 amostras de alimentos, representando 31% do consumo de produtos de origem vegetal no Brasil, como abacaxi, laranja, arroz, batata-doce, entre outros. O objetivo do programa é avaliar a presença de resíduos de 338 agrotóxicos e seu risco à saúde humana. As amostras foram coletadas em 76 municípios e analisadas por laboratórios especializados.
Resultado do PARA – 2024
A análise revelou que 0,67% das amostras apresentaram risco agudo, com destaque para o abacaxi e a laranja, que tiveram o maior número de amostras com risco.
Em relação ao risco crônico, não foram identificados potenciais problemas em 2023. A conformidade com os limites de resíduos estabelecidos pela Anvisa também foi avaliada, sendo que 37% das amostras estavam livres de resíduos e 36,9% dentro dos limites permitidos. No entanto, 26,1% apresentaram não conformidades, como o uso inadequado de agrotóxicos ou aplicação de substâncias não autorizadas.
Em 2023, participaram do programa o Distrito Federal, Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Os dados do programa são fundamentais para revisar a segurança de agrotóxicos, com a reanálise de produtos que pode resultar em restrições ou banimentos. Além disso, a Anvisa está desenvolvendo um projeto para avaliar os riscos do consumo de alimentos com múltiplos resíduos de agrotóxicos entre 2024 e 2027. O monitoramento também orienta práticas agrícolas mais seguras e incentiva a rastreabilidade dos alimentos.
A Anvisa recomenda que os consumidores escolham produtos com identificação do produtor e prefiram alimentos da época ou com manejo integrado de pragas, para reduzir a exposição a agrotóxicos.
Risco agudo e Risco crônico
Resumo da ANVISA:
De acordo com a ANVISA, o risco agudo é o risco de danos à saúde pelo consumo do alimento em curto espaço de tempo, como uma refeição ou um dia de consumo do alimento. O risco crônico avalia o consumo diário, por toda a vida, de diversos alimentos com resíduos de agrotóxicos e considerando o perfil de consumo no Brasil. Para avaliar o risco crônico, a Anvisa projeta cenários e faz o cálculo do consumo hipotético, considerando dados de consumo da população brasileira obtidos na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, o histórico de dados do programa de monitoramento e ainda o limite máximo de resíduos permitido, no caso dos alimentos não monitorados no período.
Risco agudo – consumo em 24h
- Foram identificadas 22 amostras, equivalentes a 0,67%, com potencial de risco ao consumidor.
- O abacaxi e a laranja foram as culturas com maior número de amostras com potencial de risco agudo – 7 e 6 amostras, respectivamente.
Risco crônico – consumo por toda a vida
- Não foi encontrada situação com potencial de risco crônico nas avaliações de 2023.
- Para avaliar o risco crônico, a Anvisa considera os dados atuais e o histórico de dados dos últimos 10 anos do programa.
- Isso significa que, para o cálculo do risco crônico, a Agência cruza os dados de resíduos encontrados com os dados de consumo da população, incluindo o perfil de alimentos processados feitos a partir de cada cultura.
- A avaliação do risco crônico considera o consumo diário de todos esses alimentos por toda a vida, incluindo aqueles com agrotóxicos aprovados, mas não monitorados no Para, como, por exemplo, a cana-de-açúcar, cujo consumo ocorre principalmente na forma de açúcar processado.
Resíduos de pesticidas em papinhas infantis.
Fonte da imagem: Freepik
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