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O uso de glicerol e o perigo para crianças foi recentemente notícia, onde a Food Standard Agency (FSA) do Reino Unido e a Food Standards Scotland (FSS), emitiram um alerta sobre os riscos do consumo de bebidas gelada tipo “Slushies” por crianças menores de 7 anos.
Segundo a recomendação, essa bebida pode conter em sua composição o aditivo alimentar glicerol (E422). Sendo essencial para manter a textura granizada e evitar que o líquido congele completamente. Em geral, ele apresenta baixa toxicidade, porém, no caso de crianças que o consumirem em grande quantidade por um curto período de tempo, pode representar um perigo para saúde. Ademais, existem casos de crianças que passaram mal após o consumo excessivo da bebida, os sintomas incluem hipoglicemia e perda de consciência.
O glicerol, também conhecido como glicerina (ou glycerin em inglês), é um composto orgânico de estrutura simples, classificado como um poliol (álcool com múltiplos grupos hidroxila). É incolor, inodoro, viscoso e com sabor adocicado. Na indústria de alimentos, o glicerol é amplamente utilizado como aditivo com funções diversas, sendo regulamentado por agências internacionais como o Codex Alimentarius, a European Food Safety Authority (EFSA) e a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e pela ANVISA no Brasil, através da Instrução normativa – IN N° 211, DE 1° de março de 2023 que estabelece as funções tecnológicas, os limites máximos e as condições de uso para os aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia autorizados para uso em alimentos. Esta instrução normativa estabelece que o glicerol e suas variações podem ser utilizados Quantum satis.
“Quantum Satis” é uma expressão em latim que literalmente significa “quanto basta” ou “quanto é suficiente”
O glicerol é utilizado em bolos, pães e muffins para preservar a maciez e evitar o ressecamento, prolongando a vida útil.
Em balas mastigáveis, chicletes e doces, evita a cristalização de açúcares e mantém a textura maleável.
Usado em bebidas energéticas e alcoólicas como solvente para sabores e aromatizantes.
Por ser um poliol, o glicerol é usado em produtos com baixo teor de açúcar, pois tem baixo impacto glicêmico.
Empregado como umectante em embutidos e carnes processadas.
Amplamente utilizado em slushies como substituto do açúcar, contribuindo para manter a bebida sem congelar completamente e adquirir aquela textura “slushy” refrescante.
O glicerol é um subproduto da produção de biodiesel, tornando-se uma substância com alta disponibilidade e relevância em um contexto de economia circular. Também pode ser obtido de fontes vegetais (óleos vegetais) ou sintéticas.
Brasil e Mercosul
O uso de aditivos como o glicerol é regulado pela ANVISA e pelo Regulamento Técnico do Mercosul. O glicerol é permitido como aditivo alimentar em diversas categorias, desde que respeitadas as Boas Práticas de Fabricação (BPF).
União Europeia (EFSA)
O E422 é aprovado para uso em alimentos, sem limites quantitativos específicos em muitas categorias, desde que usado conforme BPF. A EFSA, em avaliação de 2017, reafirmou a segurança do glicerol como aditivo, indicando baixa toxicidade e segura ingestão mesmo em populações vulneráveis.
Estados Unidos (FDA)
O glicerol é considerado Generally Recognized As Safe (GRAS) quando utilizado conforme práticas adequadas. É amplamente permitido em alimentos e bebidas.
Codex Alimentarius (FAO/OMS)
Reconhece o glicerol como aditivo alimentar seguro e lista seus usos com limites estabelecidos ou sob boas práticas, dependendo da aplicação.
Apesar das recomendações para uso, alguns estudos demostram a possibilidade de prejuízos para saúde infantil.
Entre 2018 e 2024, pelo menos 21 crianças entre 2 e 6 anos sofreram intoxicação por glicerol após consumir slush ice drinks no Reino Unido e Irlanda, com sintomas graves como tontura, queda de glicose no sangue, perda de consciência e necessidade de hospitalização — geralmente dentro de 60 minutos da ingestão. Em alguns casos, crianças ficaram “a 20 minutos da morte” e sofreram coma hipoglicêmico.
Um estudo publicado no Archives of Disease in Childhood documentou 21 casos de intoxicação por glicerol em crianças, com média de idade de 3,5 anos, todas com sintomas dentro de 60 minutos após ingestão. Nenhuma tinha condições médicas preexistentes; todos se recuperaram após tratamento (normalização da glicose e suporte clínico) . Os pesquisadores recomendam que crianças abaixo de 8 anos não consumam essas bebidas
A Food Standard Agency (FSA) do Reino Unido e a Food Standards Scotland (FSS), emitiram um alerta sobre os riscos do consumo de bebidas gelada tipo “Slushies” por crianças menores de 7 anos.
Estudos citados pela FSS e FSA referem-se a um cenário “pior possível”: 350 ml de slush contendo até 50 000 mg/L de glicerol.