Ao preparar uma refeição do dia a dia, o simples ato de cortar carnes e legumes e, logo depois, temperá-los sem higienizar as mãos antes pode nos expor a uma contaminação perigosa, você sabia?
Fonte: JORNAL DA USP
Em um estudo publicado no periódico Journal of Food Protection, pesquisadores da Universidade Estadual de Nova Jersey, em parceria com a Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, indicaram que, durante o preparo de refeições, recipientes de tempero podem ser contaminados com microorganismos nocivos à saúde.
Ao preparar uma refeição do dia a dia, o simples ato de cortar carnes e legumes e, logo depois, temperá-los sem higienizar as mãos antes pode nos expor a uma contaminação perigosa, você sabia?
De acordo com Daniele Maffei, pesquisadora do Food Research Center e professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, a intenção do estudo era avaliar a contaminação cruzada em superfícies e utensílios de cozinha utilizados durante o preparo de refeições.
Contaminação Cruzada, você sabe o que é?
É a transferência de microrganismos patogênicos (ou seja, um microrganismo que pode causar uma doença) de um alimento contaminado, para um outro alimento que não esteja contaminado. Ou ainda de equipamentos e utensílios usados para o preparo de um determinado alimento e logo em seguida para o preparo de outro alimento, de origem diferente, ou em estado diferente (cru e cozido), sem a devida higienização entre um preparo e outro. A Contaminação Cruzada é uma das principais causas de Doenças Transmitidas do Alimentos, as DTAs, que podem ocorrer de forma branda ou se apresentar de forma mais agressiva, principalmente em crianças, idosos, gestantes e indivíduos imunossuprimidos. Esse tipo de contaminação pode acontecer em várias etapas do processo de produção ou manipulação de alimentos, sendo as formas mais comuns através de manipuladores, utensílios e equipamentos.
“Surtos de origem alimentar de doenças transmitidas por alimentos ocorrem em todos os lugares do mundo, inclusive no Brasil. E muitos desses surtos podem envolver contaminação cruzada”, comenta a pesquisadora.
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O estudo
No estudo, o comportamento de 371 pessoas foi avaliado durante a preparação de uma refeição composta de um hambúrguer de carne de peru moída crua e uma salada pronta para o consumo. Para simular o movimento de um patógeno em uma cozinha, os pesquisadores inocularam um bacteriófago conhecido como MS2 na carne. Ele funciona como um tipo de rastreador seguro, já que infecta bactérias, mas não causa nenhum problema para a saúde humana. “Os pesquisadores utilizaram swabs para fazer análise das superfícies dos utensílios da cozinha, incluindo frascos de tempero, recipientes que nem sempre são avaliados em estudos sobre contaminação cruzada”, explica Daniele. A partir daí, os cientistas observaram que em todos os tipos de superfícies analisadas foi detectada a presença do marcador. “A frequência com que isso aconteceu para a maioria da superfícies foi menor do que 20%, porém, no caso dos frascos de tempero, os cientistas detectaram o material em até 48% das amostras, ou seja, quase metade deles.” Em vista disso, a especialista salienta que é essencial tomarmos alguns cuidados para evitarmos a contaminação cruzada, incluindo aí a higienização correta de alimentos, de bancadas, pias, utensílios de cozinha e, principalmente, recipientes de tempero, antes e depois de cada uso. Tudo isso, utilizando os produtos corretos para fazer essa limpeza. “As boas práticas na manipulação dos alimentos são fundamentais para evitarmos a contaminação e a ocorrência de surtos, tanto em relação ao cozimento adequado desses alimentos quanto não esquecer de lavarmos frequentemente as mãos, além da constante higienização das superfícies de trabalho”, finaliza.
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