Película comestível feita com compostos fenólicos aumenta em cinco vezes a vida útil de frutas e verduras Vegetais minimamente processados, como a maçã e a mandioquinha, passaram a durar até 15 dias sob refrigeração em vez de apenas três dias.
Fonte: Alimentos sem mitos
O Abricó é uma fruta típica da Região Amazônica, principalmente no estado do Pará, tem o nome científico de Mammea americana e pode ser encontrada entre os meses de junho a dezembro e é mais consumida na forma in natura. É uma fruta grande e dura, com polpa na coloração amarelo-alaranjado e o abricoteiro, que mede até 20 metros de altura, pode ser utilizado na arborização urbana e na medicina popular, como o tratamento de afecções parasitárias, mordedura de insetos e dermatoses diversas.
Mas você sabia que a película comestível dessa fruta conseguiu estender a vida útil de maçãs e batatas baroa (mandioquinha) minimamente processadas de três para 15 dias? Sim, foi o que descobriram pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em parceria com o Centro de Pesquisas em Alimentos (Food Research Center – FoRC). Além da melhoria da conservação, o uso do produto acaba por aumentar a quantidade de compostos fenólicos, que são substâncias com efeitos antioxidantes e antimicrobianos comprovados nos alimentos.
Preparação dessa película
A película foi preparada a partir de pectina (carboidrato solúvel presente na parede celular de vegetais, usado para dar consistência em geleias) e glicerina (plastificante comestível que dá flexibilidade à película), e incorporada com o extrato da polpa de abricó que é rico em compostos fenólicos, como quercetina, miricetina e kaempferol. Trata-se de uma estratégia importante porque, além de aumentar a durabilidade dos alimentos, evitando o desperdício, a película também torna os vegetais mais saudáveis para o consumidor em função da alta carga de compostos fenólicos. “São compostos estudados há muito tempo pela ciência dos alimentos, que já se mostraram importantes para aumentar a longevidade e reduzir os riscos de doenças crônicas”, afirma Luciana Rodrigues da Cunha, professora da UFOP e coordenadora da pesquisa. “A película ainda tem o potencial de substituir os conservantes artificiais”, acrescenta.
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Aumento da vida útil
O desenvolvimento e os resultados da película foram relatados em um estudo publicado na revista BioMed Research International. Em ensaios in vitro, observou-se o sucesso das propriedades antimicrobianas de seus compostos fenólicos. Quando inseridos, nos testes in vitro, em conjunto com bactérias importantes em alimentos, como o Staphylococcus aureus e Escherichia coli, os compostos fenólicos na película se mostraram capazes de reduzir a população desses microrganismos indicadores de segurança em seis ciclos logarítmicos, o que condiz com uma diminuição de 99,9999% (um ciclo logarítmico corresponde à redução da população em 90%). Um resultado similar foi obtido em análises realizadas com dois grupos de alimentos: um grupo que recebeu a película com os compostos fenólicos e outro com a película, mas sem os compostos. “Foi observada uma redução de microrganismos menor que nos testes in vitro, embora ainda importante. Comparado ao grupo que recebeu o filme sem o extrato, observamos uma diminuição de dois ciclos logarítmicos na população de mesófilos aeróbicos [categoria das bactérias presentes naturalmente no alimento, que tem o crescimento ótimo em torno de 37 °C] após 15 dias de armazenamento para maçãs”, destaca Cunha. Em termos percentuais, essa redução equivale a 99,0% de redução da carga microbiana.
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